Ciclistas e população em geral podem opinar sobre ciclovias em consulta pública
A cidade de Salvador contará com um Plano Cicloviário baseado em debates promovidos pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), para quem utiliza a bicicleta como meio de deslocamento. Os interessados podem opinar na construção do documento com novas ideias durante os quatro encontros programados para este mês.
O primeiro foi realizado, na manhã de ontem, para cerca de 40 pessoas na sede da Semob. Além das reuniões presenciais, uma consulta pública está disponível no site do órgão, onde também são realizadas as inscrições para os encontros.
As próximas oficinas irão ocorrer no Subúrbio 360, em Coutos, na próxima segunda-feira; Espaço Boca de Brasa, em Cajazeiras, no próximo dia 28; e na Unirb, em Patamares, no dia 30. Sempre das 8h às 12h. O objetivo é promover melhorias nas ciclovias da capital baiana e serão divulgados diagnósticos com atualizações do projeto inicial proposto.
A consulta pública é importante com a opinião de quem utiliza das ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas diariamente, como o caso de Ed Ferreira, instrutor de bicicleta, que chega a percorrer uma média 100 km por dia. “Quando eu saio de Piatã até o Campo Grande, consigo ir tranquilamente pela orla até o final de Amaralina, onde não tem mais pista. Nós temos que seguir na rua até a Praia da Paciência com os motoristas de ônibus nos apertando e os de carro reclamando. Depois é possível ficar na ciclofaixa, mas, no Garcia, voltamos para a pista”.
De acordo com Ed, falta conscientização dos motoristas em perceber a falta de estrutura para os ciclistas e que devem protegê-los. “O ciclista não é algo que está impedindo a pista. É uma pessoa que está se deslocando e não tem a estrutura para se sentir mais seguro. O mais importante no trânsito é a segurança e a conscientização de proteger os menores”.
Parceria
O diretor de planejamento da Semob e responsável pelo plano, Pablo Souza, conta que o novo projeto é fruto de parceria com o governo britânico, que financiou a iniciativa, e o Banco Mundial, com a capacidade técnica. Por meio de workshops virtuais com grupos de ciclismo e da sociedade civil em 2022, houve um mapeamento da rede existente e para onde queriam chegar.
Salvador já havia começado a promover o uso de bicicletas em lugares possíveis de implementar ciclovias, chegando a aumentar de 30 km para 300 km nos últimos 14 anos. Agora, a proposta é qualificar o debate e expandir a rede de trânsito de bicicletas.
De acordo com Pablo, foi pensado as especificidades da cidade como as ladeiras e a intenção é entregar 700 km de ciclovias. “Nós coletamos muitas informações e esperamos acrescentar no diagnóstico que levaremos para deliberação interna. Após os quatro encontros, montaremos um novo plano cicloviário para divulgação ao público prevista para junho”.
Sobre a consulta pública, Ed considera um avanço. “Não acho que seja possível ter até perto de 100% das vias com local específico para os ciclistas. Mas, a educação no trânsito deve ser propagada para os condutores. Outras pautas também são importantes como as conexões das ciclovias e reduções de velocidade como a Avenida São Rafael onde é impraticável pedalar”.
A iniciativa dos debates é promovida pela Semob, em parceria com a Empresa Salvador Turismo (Saltur), a Superintendência do Trânsito de Salvador (Transalvador), o Salvador Vai de Bike e a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.
“A participação da população é fundamental na construção de uma rede cicloviária integrada. Todo o processo tem sido feito buscando oferecer melhorias, não apenas ampliando a rede como também destacando ações de manutenção que fazem com que a gente tenha um sistema funcional para os usuários”, destaca o secretário da Semob, Fabrizzio Muller.