Quando o Movimento Salvador Vai de Bike foi iniciado, em 2013, a capital baiana tinha 30 km de ciclovias, ruas mal sinalizadas e nenhuma política de incentivo ao uso desse modal. Nesta quarta-feira (22), durante a inauguração do primeiro bicicletário gratuito da cidade, no bairro da Ribeira, a prefeitura anunciou que alcançou 360 km de ciclovias, tem 50 estações de bike, 500 magrelas disponíveis, 80 mil usuários e 3 milhões de corridas já realizadas.
A estrutura fica ao lado do Terminal Marítimo da Ribeira/ Plataforma e do Final de Linha do bairro, local escolhido para facilitar a integração entre os sistemas, e vai funcionar das 8h às 18h, de terça a domingo. Além de permitir que ciclistas guardem as próprias bicicletas no local por 24h, será possível pegar as “azulzinhas” da prefeitura e utilizar, sem custos, para de deslocar para o trabalho ou desenvolver algum tipo de atividade laboral. O serviço será exclusivo para pessoas que residem na região de Itapagipe.
O prefeito Bruno Reis fez a inauguração do novo espaço e disse que o equipamento vai ajudar na mobilidade da cidade, oferecer melhor qualidade de vida aos moradores e incentivar o uso das magrelas no bairro. Outros dois bicicletários serão implantados em Salvador, mas os locais ainda estão sendo definidos.
“Em 2013, Salvador tinha apenas 30 km de ciclovia. Hoje, nós temos 360 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Isso estimulou junto com o Movimento Vai de Bike com que as pessoas passassem a fazer a prática da utilização das bicicletas. É comum, às noites e aos finais de semana, a gente ver diversos grupos rodando de bicicleta pela cidade, que passou a ter uma infraestrutura e oferecer segurança para os ciclistas. Enquanto durante o dia muitas pessoas passaram a usar como meio de transporte e atividade física”, afirmou.
Ele frisou que além das laranjinhas, oferecidas em parceria com o Itaú, existe as azulzinhas do Bike Comunidade, programa exclusivo do Município presente em seis bairros da capital. A estudante Eduarda Nascimento, 28 anos, tem fotos com as primeiras unidades laranjas, na época em que o programa teve início na capital. Ela contou que no começo pensou que a proposta não teria engajamento e que fez as imagens por diversão.
“Não apenas eu, muita gente não botou fé no programa, porque apesar de ser bonito no papel a verdade é que Salvador não estava preparada. Eles ofereceram as bicicletas, mas não tinha onde andar de bicicleta na cidade. Depois que começaram a construir as ciclovias, fecharam o Dique aos domingos etc. foi que comecei a pensar que poderia ser uma boa fazer um passeio aos fins de semana. Fiz o cadastro e usei as laranjinhas até comprar a minha bicicleta. Descobri que gosto de pedalar”, disse.
A adequação da cidade e a sinalização para ciclistas é um dos pontos de avaliação da Pesquisa Urbanística do Entorno dos Municípios, iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), na segunda-feira (20). Na prática, os agentes censitários estão observando se os municípios estão bem sinalizados para atender quem anda de bicicleta. O presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur) e idealizador do Movimento Salvador Vai de Bike, Isaac Edington, disse que está tranquilo.
“Estamos em andamento, capitaneados pela Secretaria de Mobilidade, do Plano Cicloviário de Salvador, um planejamento de curto, médio e longo prazo para o desenvolvimento da cidade. A gente investe muito em comunicação, costumo dizer que não há um único dia em que não tenha um conteúdo sobre o uso de bicicletas sendo divulgado na cidade. Estamos preparados para expandir esse conceito”, afirmou.
Ele contou que 3 mil motoristas de ônibus foram capacitados para redobrar os cuidados com ciclistas, e que o Município tem parcerias com empresas privadas para treinar entregadores e outros trabalhadores que atuam no trânsito. “Esse conjunto de iniciativas que a gente agrega embaixo do Salvador Vai de Bike é o que tem feito essas transformações na cidade”, disse.
O bicicletário da Ribeira terá profissionais responsáveis pelo manuseio das bicicletas e atendimento ao público. O cadastro deve ser feito com a apresentação de documento oficial com foto, número do CPF, comprovante de residência e estar presente com a bicicleta no ato. Cada usuário cadastrado pode guardar até três bicicletas.
Turismo
Além de guardar bicicletas de usuários e emprestar equipamentos da prefeitura, o bicicletário da Ribeira terá uma terceira função. O local terá um posto da empresa de turismo Turisbike, que vai oferecer equipamentos para aluguel e roteiros de passeios para a região. Esse serviço terá uma taxa, mas os valores ainda não foram definidos.
O diretor da Turisbike, Moisés Oliveira, contou que a intenção é explorar os pontos turísticos da Península Itapagipana, como a Orla da Penha, a gastronomia da comunidade da Pedra Furada, o Forte de Monte Serrat, a Ponta do Humaitá, o Santuário de Santa Dulce dos Pobres, o Santuário Basílica Senhor do Bonfim e as sorveterias da região.
“A Turisbike é uma agência de turismo especializada em turismo de bike. Nós vamos trazer para a Cidade Baixa o que já fazemos na Barra, no Centro Histórico e na Orla Oceânica. Além do estacionamento de bicicletas e do empréstimo das bicicletas da prefeitura, nós vamos oferecer aluguel para quem vem para a Ribeira e não quer trazer sua bicicleta e vamos fazer bike tour”, afirmou.
Quem se interessar em pedalar sozinho pela região, seja para lazer ou turismo, poder alugar as bicicletas. O período máximo de empréstimo é de até quatro semanas. Já os passeios serão guiados. A empresa vai entrar em operação na Ribeira após os festivos juninos.