Frente de esquerda pode ser fechada em Camaçari, Conquista, Feira, Ilhéus e Juazeiro
Na Bahia, PT e PSOL já foram como água e óleo. Os psolistas, nascidos de uma divergência interna do petismo entre 2003 e 2005, demoraram a compor com os petistas no estado. Mas as coisas começaram a mudar em 2022, quando Jerônimo Rodrigues (PT) disputou o segundo turno com ACM Neto (União Brasil) e o PSOL decidiu apoiar o PT pela primeira vez em território baiano.
Nesse contexto, o PSOL chegou inclusive a compor o chamado “conselho político” do governo Jerônimo, participando das decisões do grupo no estado. Recentemente, com o encaminhamento do apoio petista ao vice-governador Geraldo Júnior (MDB) em Salvador, os psolistas voltaram a se afastar, chegando a expulsar membros do partido que integram a gestão estadual.
Mas nem tudo são espinhos nessa relação. PT e PSOL estão encaminhando pelo menos cinco alianças no interior da Bahia, com a formação de uma “frente de esquerda” em Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro e Vitória da Conquista.
A informação foi revelada ao Portal A TARDE nesta quarta-feira, 15, pelo presidente estadual do PSOL, Ronaldo Mansur, e confirmada pelo presidente do PT na Bahia, Éden Valadares. De acordo com eles, as conversas entre as legendas estão “avançadas”.
“Já estivemos muito distantes na Bahia. Só que, agora, nós avaliamos que vivemos um outro processo, com outros adversários, que não podemos ignorar. Não é que ter candidato do PT signifique apoio automático. É preciso ter convergência programática”, declarou Mansur.
Segundo o dirigente do PSOL, apesar do partido ter pré-candidaturas colocadas em Camaçari, com Ana Bueno, e em Ilhéus, com Makrisi Angeli, existe uma avaliação para uma possível retirada dos nomes, para a declaração de um apoio aos pré-candidatos do PT nessas cidades, Luiz Caetano e Adélia Pinheiro, respectivamente.
“O partido abriu diálogo com Caetano, candidato do PT na cidade de Camaçari. Estamos em um processo de debate. Há uma tendência, em Camaçari, de convergir um pouco mais a frente, ainda no primeiro turno. Ainda semana passada, tivemos uma reunião com Caetano, debatendo a cidade, debatendo o estado e ficamos de retomar o diálogo”, revelou Mansur.
“Em Ilhéus, a candidatura do PT nos procurou. Estamos fazendo o debate junto com a direção estadual do PT, falando do município e das candidaturas majoritárias, do PT e do PSOL. Devemos ter um posicionamento entre esse final de mês e o início do próximo mês. É o nome de Adélia, que está se destacando no município”, contou o presidente do PSOL-BA.
Além de Camaçari e Ilhéus, as conversas também estão bem avançadas acerca de Juazeiro e Vitória da Conquista, onde o PT busca o apoio do PSOL para as pré-candidaturas de Isaac Carvalho e Waldenor Pereira. Segundo Mansur, o partido deve realizar ciclos de debates com as militâncias antes de confirmar o apoio.
Em Feira de Santana, as conversas não estão tão avançadas, mas o PSOL considera fortemente apoiar a candidatura do deputado federal Zé Neto (PT).
“Até então, não temos nome para a pré-candidatura à prefeitura de Feira de Santana. Estamos dialogando com o presidente Éden Valadares. A militância do PSOL em Feira tem debatido os rumos do partido nesse processo eleitoral e deve ter um posicionamento ainda esse mês para decidir sobre candidaturas majoritárias”, contou Mansur.
Na avaliação de Éden, o apoio do PSOL em Feira de Santana pode ser decisivo para um possível sucesso de Zé Neto no segundo maior município do estado. Na cidade, o vereador psolista Jhonatas Monteiro é considerado um cabo eleitoral importante, capaz de transferir um bom volume de votos.
“Ainda não tem nada certo em Feira de Santana, mas eu estou feliz de estar conversando e otimista que a gente avance para concretizar uma aliança. Nós, que somos de esquerda, precisamos nos unir para combater o avanço do time de Bolsonaro na Bahia”, disse Éden ao Portal A TARDE.
Distância
Se os caminhos de PT e PSOL devem se cruzar em alguns dos maiores municípios do estado, em outros essa aliança parece bem distante. Além de Salvador, onde os petistas devem caminhar com o MDB, enquanto o PSOL deve seguir com a candidatura própria de Kléber Rosa, as legendas também podem estar distantes em Lauro de Freitas.
Lá, o PSOL tem críticas à prefeita Moema Gramacho (PT), que está apoiando a pré-candidatura do vereador Antônio Rosalvo (PT). Éden até chegou a procurar os psolistas para a construção de um acordo, mas a militância resiste.
“Em Lauro de Freitas, temos divergências com a gestora atual. Uma divergência de metodologia, uma divergência política. Ela não fez uma gestão de esquerda ou petista. Fez uma gestão dela. Até então, não temos candidatura majoritária lá e também não temos discutido com o PT, apesar do esforço que o presidente Éden Valadares tentou fazer”, afirmou Mansur.
Em contraponto, o presidente estadual do PSOL manteve as portas abertas para um diálogo com Rosalvo. A condição é que o próprio vereador procure a legenda para apresentar seus projetos.
“O atual candidato do PT, que se filiou agora ao partido, tem que apresentar as propostas dele. E não uma cópia de Moema. Estamos aguardando que ele nos apresente”, concluiu.