Passeios serão ampliados para os pedestres e serão criados retornos para os motoristas
Quem já passou de carro ou ônibus pela Rua Silveira Martins, no Cabula, em diversos momentos do dia precisou respirar fundo e exercitar a paciência. As diversas conversões à esquerda e à direita somadas ao fluxo intenso de veículos deixa o trânsito caótico. Para os pedestres a dificuldade é caminhar em passeio estreitos e desnivelados. Nesta quarta-feira (18), a prefeitura anunciou que vai requalificar a via.
Na prática, serão feitos serviços de drenagem, o asfalto será trocado, haverá piso tátil e meio-fio em granito. Os passeios serão ampliados alcançando até 3 metros em alguns trechos e serão criados retornos para evitar as conversões que causam retenções no trânsito. A Rua Silveira Martins começa na subida da ladeira do Cabula, na Rótula do Abacaxi, e segue até o bairro do Saboeiro. Serão requalificados 3,6 km de extensão.
A nutricionista Alane Araújo, 29 anos, mora no Cabula e usa a via para se deslocar para o trabalho e para a faculdade e disse que está curiosa com as intervenções que serão realizadas no bairro. Ela contou que os horários do início da manhã e do final da tarde são os mais complicados.
“É o momento em que as pessoas saem para ir à padaria, academia, levar o cachorro para passear ou fazer caminhadas. Além disso, é o horário em que estamos saindo para trabalhar ou voltando para casa, então, o trânsito fica muito carregado. O pessoal também aproveita para vender frutas e outros produtos e tomam o meio-fio”, contou.
As intervenções serão realizadas do início da ladeira do Cabula até a Praça Edgard Santos, logo após o Hospital Geral Roberto Santos, e desce pela Avenida Edgard Santos até a praça, em Narandiba. O investimento será de R$ 14,5 milhões. As obras serão executadas pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop) e terão início imediato. O prazo para conclusão é de cinco meses.
Impactos
O prefeito Bruno Reis (União Brasil) destacou que a região é uma das movimentadas da cidade, afirmou que serão feitas obras de paisagismo e instalação de equipamentos de ginástica, e disse que o projeto prevê a construção de quiosques e estruturas para os vendedores ambulantes. Uma das preocupações dos trabalhadores é perder os postos de trabalho, mas o prefeito foi enfático.
“O mercado informal está garantido. Quem tem barracas, a gente vai construir os quiosques, e quem tem o kit também terá espaço para trabalhar. Fizemos a selagem da área e já estão definidos quem serão os beneficiados com os quiosques. Tudo conciliando com os espaços públicos para que as pessoas possam transitar com conforto e segurança, e para que os pais e mães de família possam trabalhar e garantir seu sustento”, afirmou.
O posicionamento foi um alívio para o feirante José do Nascimento, 41 anos, que trabalha no mercado informal há cerca de dez anos. “A nossa luta é diária. A gente quer que o bairro seja organizado, porque a gente também mora aqui e usamos as vias, mas tem que fazer isso sem impedir a gente de trabalhar. Essa é nossa atividade, é de onde tiramos o sustento das nossas famílias”, disse.
O projeto é da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e estabelece também a implantação de áreas de convivência em espaços ociosos, abertura de estacionamento de veículos e construção de ciclovias. Haverá também a instalação de corrimãos e de faixas elevadas para a travessia de pedestres. Para presidente da instituição, Tânia Scofield, um dos destaques será o aumento da arborização.
“Essa era uma região que tinha muitas chácaras e se falava que era o melhor clima de Salvador. Com o tempo essas áreas foram sendo ocupadas e a gente volta, agora, trazendo uma arborização mais robusta para os canteiros centrais que a gente conseguiu preservar e para alguns canteiros e áreas que estamos criando”, afirmou.
A requalificação inclui a reforma da praça, do busto e da ladeira da Avenida Edgard Santos, onde serão criadas vagas de estacionamento e onde o mercado informal será reorganizado. As mudanças não vão interferir na quantidade de faixas na pista para os veículos.