Desde que começou a ser construído o Doca 1 vinha intrigando os soteropolitanos. Quem passava pelo Comércio, no trecho entre o Terminal Náutico e o Hub Salvador, via a movimentação dos operários e a estrutura moderna sendo levantada, mas não entendia o motivo. O motorista por aplicativo Ivanilton Cerqueira, 46 anos, tinha certeza que era um espaço para festas e eventos. Já o comerciante Josuel Nascimento, 48, acreditava se tratar de um conjunto de bares e restaurantes.
O mistério acabou. Nesta terça-feira (29), o espaço foi inaugurado e os gestores contaram que ele será um Polo de Economia Criativa, um dos primeiros do país. Na prática, significa que os 2.468 m² serão ocupados por empresas voltadas ao desenvolvimento de ações e projetos em diversos segmentos, como dança, música, fotografia, gastronomia, artesanato e artes plásticas.
A capacidade é para abrigar até 40 estabelecimentos, nessas e em outras áreas, como design (arquitetura, moda e publicidade); conteúdo (mídias digitais, e-games, editorial e audiovisual) e tecnologia-desenvolvimento de pesquisa, computação gráfica, engenharia de áudio e engenharia de transmissão. Segundo o prefeito Bruno Reis, a inauguração foi um presente pelos 473 anos de Salvador e vai ajudar a impulsionar a economia da cidade.
“Salvador há muito esperava por um equipamento com essa dimensão, principal polo de economia criativa do Brasil, para estimular uma das nossas características mais marcantes. O povo baiano, soteropolitano, é um povo criativo e precisava de um equipamento que pudesse estimular toda uma cadeira produtiva, o surgimento de novos talentos, qualificar a mão de obra e aproxima empresas dos trabalhadores”, disse.
O gestor contou que o Doca 1 recebeu esse nome porque foi construído no mesmo local onde funcionou a primeira doca de Salvador e que o novo espaço vai gerar mais emprego e renda, além de estimular o desenvolvimento do Comércio. “Salvador ainda tem muitos problemas e, entre eles, a desigualdade social. Este equipamento chega para enfrentar este problema, gerando oportunidades”, afirmou.
A previsão é de que a estrutura comece a operar em quatro meses, período em que serão instalados no local estúdios de gravação, auditório, centros de treinamento, espaço gourmet, restaurantes, ateliês e palcos, para realização de atividades e serviços de formação, consultoria, produção de conteúdo, oficinas, cursos, capacitação, workshop, eventos e coworking.
O ex-prefeito e atual pré-candidato ao Governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), participou do evento ao lado do vice-governador João Leão (PP). Neto lembrou que o Doca 1 foi um projeto iniciado durante a gestão dele.
“O objetivo é estimular a indústria da economia criativa, de aproveitar a produção cultural, artística, a criatividade do nosso povo como um elemento de geração de emprego e oportunidade de renda, e mais do que isso, de melhoria na qualidade de vida das pessoas mais pobres. Salvador respira e transpira arte, música e cultura, então, esse polo de economia criativa vai permitir a organização de um conjunto de arranjos econômicos para dar oportunidade a essas pessoas de toda a nossa cidade”, afirmou.
Funcionamento
O Doca 1 será gerido pelo consórcio formado pelas empresas Light House, Agência Califórnia, Grupo Aratu e Home Designer, vencedor da licitação municipal. O representante do consórcio, Bruno Dantas, disse que o local será aberto à visitação do público e promoverá atividades como palestras, cursos e capacitações. “Também teremos investimentos da iniciativa privada, então a nossa ideia aqui é acelerar tudo o que a economia criativa tem de bom na cidade”, contou.
Os dados apresentados pela prefeitura apontam que a economia criativa movimenta mais de R$ 1 trilhão das finanças globais, sendo R$10 bilhões na Bahia. Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), Mila Paes, enquanto no resto do mundo esse tipo de negócio representa 5% da economia, em Salvador, não alcança sequer 2%.
Ela contou que a proposta é interligar o Doca 1 aos projetos desenvolvidos nas comunidades e ao Hub Salvador, para troca de experiências, de tecnologias e estímulo ao desenvolvimento da economia. “Tudo aquilo que o mundo busca, Salvador já tem: é diversa, criativa e inclusiva. Não precisamos de muito esforço para fazer o que o mundo pede. Sabemos de nossa potência, mas precisamos estruturar programas e projetos para estruturar o que essa potência pode vir a ser”, disse.