Salas reviradas, aparelho de ar-condicionado caídos, restos de comida e até fezes humanas pelo chão: foi assim que os colaboradores da Unidade Básica de Saúde (UBS) Eunísio Coelho Teixeira, no bairro do Saboeiro, em Salvador, encontraram o local onde trabalham ao terem retornado do recesso de Carnaval, iniciado na sexta-feira passada (17).
Segundo a gerente da UBS, Ana Nicomedes, foram furtados sete computadores, um micro-ondas, um frigobar e remédios. Além disso, fios de cobre foram retirados de ar-condicionados e de uma geladeira que armazenava vacinas contra a covid-19 e outras doenças — o que causou a perda de todos os imunizantes.
O prejuízo, ainda não calculado, engloba 10 ar-condicionados, duas impressoras, dois bebedouros e uma televisão danificados. “Esse ato de vandalismo me deixou muito estarrecida. Nunca tinha acontecido isso aqui”, desabafou Nicomedes.
Alguns funcionários acreditam que o local tenha sido invadido por pessoas em situação de rua, que acabaram se instalando lá durante os dias em que esteve fechado. “Nunca tinha visto nada tão caótico”, conversavam entre si. “Ali foi coisa de ódio, porque não foi só furto; eles destruíram.” Ouviu-se também que, entre a segunda (20) e a terça-feira (21), os suspeitos estariam vendendo os objetos furtados na Rótula de Narandiba.
Com o ocorrido, o funcionamento da unidade, que oferece vacinação e atendimento clínico, teve que ser suspenso por tempo indefinido. “Estamos orientando os pacientes a ir para unidades próximas, no Doron, no Cabula VI e no Resgate”, informou a gerente.
O imprevisto afetou a rotina da manicure Eliane Maria, de 37 anos, que tinha ido até a Eunísio Coelho Teixeira buscar o resultado de um exame. “A gente se sente frustrada, porque esse posto é muito bom. Eu moro na Rótula do Juliano e venho de lá pra buscar atendimento e, na maioria das vezes, a gente encontra, por mais que seja difícil”, lamentou-se pela situação.
Questionada sobre o número de postos de saúde em Salvador invadidos desde o ano passado, a Polícia Civil respondeu que não dispõe de ‘dados com esse recorte’. Também procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não tinha emitido posicionamento até a publicação da matéria.